sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Feliz Ano Novo!!!


Entre quatro paredes sou prisioneiro de mim
Uma imensa casa vazia
Com jardins floridos, além da porta.
Eu estou assim: desocupado...
FOR SALE
Ou
FOR RENT
Pronto para ser habitado.
Estou limpo e “faxinado”.
Minhas desculpas pedidas,
Algumas culpas ainda espalhadas pela sala.
Meus erros já perdoados foram postos na lixeira.
Os meus acertos...
Bom, acertos são acertos,
Não há deles o que se falar.
Lavei com lágrimas as escadarias
E com suor a minha cama.
Suor de alguns amores
Dos quais os sussurros
Guardei-os nos criados mudos.
Hoje eu estou assim:
Pronto para receber um amanhã
Diferente de tantos amanhãs que já passaram por aqui.
Estou pronto para receber a felicidade
E todas as suas responsabilidades
(Ser feliz é mesmo necessário).
Enfim, estou aqui, de portas abertas
Pronto para receber você, Ano Novo.


Marcos Alderico
31/12/2010
20:15

sábado, 4 de dezembro de 2010

Mitológicos amantes



Amor de tempos idos

De velhos livros lidos

Odisseia mitológica

De amor que não há mais igual

Amor de perdição

Uma entrega ao abismo

De Tapeia

Ou às ninfas safistas.

Como inocente cria

De Zeus e Sêmele

Sou Baco ou Dionísio

Em busca de Afrodite

Que para mim, acredite,

É você...

Vinho e prazer,

Amor e sede,

Uma nau profana

Perdida num oceano

De si mesmos

Naufragando num mar

De embriaguez

E desejos

Ardor,

Dor,

Amor e

Beijos...

Teu prazer é o meu

Mais doce delírio...



Marcos Alderico

19/10/2010 às 07:44

Primeira vez



anjo matinal

dona do meu coração

No peito, aflição

Nas retinas, divina visão em forma de menina

Na alma, um gosto de Céu

Nos gestos, intenções de se dar

A toalha se abrindo, caindo

Um corpo nu a se mostrar

Na cama deitada, alva e macia

Convida com vida e prazer

O menino, que parece renascer

O cheiro e o gosto se mesclam

Odores de lírios, delírios

Sabores de dores, amores...

Crianças que foram outrora

Amantes que se somam, agora

Ao desejo de se terem para sempre

Suplicando o direito de amar...



Marcos Alderico

02/09/2010

8:52

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Breve rascunho de mim


Fiz-me do vento a brisa
Fui sombra à beiramar
Levado pelos raios do sol
Encontrei-me com a luz do luar

Deite-me à sombra do tempo
E nela pus-me a sonhar
Velado fui pela sorte
Amado fui pelo mar

Caminhei por todos os cantos
Andei onde pude sonhar
Levei comigo só um manto
Viajei sem sair do lugar

As águas que me beijavam
Do mar ou de um rio, eu não sei
Só sei que me refrescavam
Na água eu era um rei

Eu volto para lá, eu volto
Mas não para, enfim, ficar
Já sou elemento solto
Pertenço a este lugar.



Marcos Alderico
26/11/2010
11:24

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Alma das Flores


Num dia daqueles em que o mundo parece parar, em que as horas cessam seu caminhar e se perenizam por todos os recônditos do ser, eu pude experimentar você. Não foi um dia comum posto que as flores houveram estado sem seu perfume habitual, elas o haviam emprestado a você, como a emprestaram, também, a sua maciez e a delicadeza de suas pétalas.
Deitei-me com você feito um beijaflor com a alma das flores. Sorvi-lhe o melhor do néctar, o mais doce, o mais puro e febril desejo. Suguei suas mais ocultas delícias. Na minha boca o mais perfeito significado de comer uma mulher. Comi-a posto que pude sentir cada nuance do seu gosto. Naquele momento, senti-me agraciado com o paladar dos deuses. Embeveci-me no torpor do seu suor, que me matou a sede. O suor da nuca, o suor das costas, o suor entre as ancas que me pediam desavergonhadamente que eu as lambesse como se fosse um cão sentindo o cheiro de cio de sua cadela. Não me fiz não escutar e obedeci aos seus clamores, afinal, não se deve contrariar aos amores...Fiz você sentir, todo o meu amor, todos os temores e, até, alguma dor. Enterrei-me em você como quem quer plantar uma floresta. Desenhei a planta do novo mundo, da nova ordem de amar, amar em tela, um quadro híbrido de tesão e pincéis, de estrelas e canetas, de papel e sussurros. Causei-lhe dor? Também a senti. Gostaria de não a ter deixado escapar e ter ido mais além, mais fundo, domá-la, dominá-la. Minha mão, segurando-a pela nuca nunca mais deveriam tê-la deixado se evadir de mim. Sua boca, qual o seu mistério? Não cheguei ao fundo da garganta que grita segredos e revela sua fúria. Meu melhor gozo guardei para você e o fiz para que você pudesse vê-lo...sobre seus pelos, espalhados por sobre seu cansaço. Dividi-me em sabores e o dividi com os seus num beijo longo e combinado...como é incrível como se combinam nossos beijos! O encaixe perfeito de pervertidas vontades, minha boca na sua, minhas coxas nas suas, pessoas nuas, nuas...na alvura do encontro de se amar. Movimentos lentos, loucos, brutos, aflitos, muitos, muitos, muitos...por horas, preso entre as paredes do seu ser, espremido, constrito, afogando-se em seu líquido tropical (quente e úmido). Perdi-me no tempo, mas o tempo de nada importa à eternidade do que nos sentidos ficou gravado e que me deixa até hoje apaixonado por você...

Marcos Alderico
16/11/2010
10:35

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Feito lagartixas


As ruas de Manaus, tantas vezes cruzadas...
Crivadas de mim mesmo, menino, moleque,
Puro sonho de se viver
Numa distância íntima da saudade

Tardes quentes e tempestades tropicais
Deliram dentro de mim
Encontram-me comigo mesmo
Como um encontro das mágoas

Grito uma pororoca de impropérios
Capazes de devastar um castelo de areia
Até amansar-me como banzeiro
E quebrar-me numa Praia da Lua

Escancaro-me,
Rasgo-me em versos
Sou versado na solidão de amar
Versátil na arte de me dar
Como as noites de luar
Ao reflexo do Rio Negro

Quantas vezes fui encantado
Pelo encontro das águas com as estrelas
Nas noites em que a natureza
Se confundia com beijos sob a luz da lua?
Nem contei...
Mas as luminárias quebradas
Sentem falta daquele menino apaixonado.
Elas pareciam nos espiar
E nos proteger sob seu manto negro e seguro
Por trás das árvores, encostados aos muros
Transando feito lagartixas
Num Amazonas distante qualquer...




Marcos Alderico
4/11/2010
14:52h

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Traga-me a Poesia!


Traga-me de volta a Poesia, Ninfa de Delfos.
Traga-a para o meu leito,
Invada meu ser, meu mais doce desejo.
Traga-a ou leve-me ao Tejo
Onde me abandonarás sem medo,
Posto que pior que a morte
É não ter a sorte de amá-la, Vênus.
Traga para mim a Poesia em sussurros e gemidos...
Em movimentos torpes,
Em olhares turvos...
Traga para mim a Poesia de amar
Antes que seja eivada pela ausência do seu ser
Faça amor comigo entre rimas e prosas
Amor tecido em brancos lençois
Em tardes de torrente de paixões...

Marcos Alderico
21/10/2010
11:48

domingo, 3 de outubro de 2010

Marina Silva

Vinte milhões...eu gostaria de poder vislumbrar vinte milhões de pessoas. É muita gente, não? Pois é, vinte milhões de pessoas que assim como eu se apaixonaram por aquela mulher discreta, de sorriso mero e comedido, mas radiante e preciso. Vinte milhões de corações que bateram e seguirão batendo no ritmo do coração daquela mulher que carrega uma elegância modesta como deve ser a elegância feminina, afinal, Marina, você já é mesmo "bonita com o que Deus lhe deu" e eu, nem nós, vinte milhões de brasileiros, não ficaremos de mal de você, não. Ficaremos, sim, multiplicando, polinizando, semeando a sua mensagem e aguardando o dia em que venceremos todos juntos. O dia em que nenhum brasileiro chegue aos 16 anos sem alfabetização, o dia que nenhuma árvore tombe mais na Amazônia, que a simplicidade vença a soberba e a Educação se sobressaia a todos os poderes econômicos. Sim, o dia em que o Brasil seja conhecido internacionalmente não apenas por ser uma potência econômica, mas uma potência cuja educação, consciência ecológica, honestidade e polidez de seu povo sejam refletidas na dirigente da Nação.




Marcos Alderico
03/10/2010
22:45

sábado, 25 de setembro de 2010

Uma carinhosa homenagem aos profissionais da fotografia




Nada há de mais perene do que o breve instante, aquele que se eterniza pelas lentes da memória. Nada há, porém, de mais próprio do que o olhar que vislumbra a beleza do infinito ou a profundidade das cores sob uma perspectiva única. É possível, no entanto, compartilhar-se o preciso momento sob o foco atento dos fotógrafos, posto que depois do seu surgimento o tempo não envelheceu mais, passou a deixar apenas registrada a possibilidade da inesgotável fonte de se viver atemporalmente. Fotografar deixou de ser a promoção do encontro do velho com o novo, passou a ser do novo com o mais novo ainda. Através do portal da arte chamada fotografia é possível se passear pelas esquinas do tempo como quem caminha pelas avenidas da própria alma.

Marcos Alderico
25/9/10
10:55

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Feito meninos



Do lado de cá do Paraíso,

Pecados e risos.

Do lado de lá do portão

Pulsa o meu coração

A mil, mil!!

Me humilhando aos olhares felinos

Que me devoram, femininos

Feito um dragão a meninos

Fugidios de si mesmos

Procurando se encontrar ou se perder

Nos braços de uma mulher...





Marcos Alderico
14/09/2010
17:49h




















sábado, 11 de setembro de 2010

Amor em pecado



Beijar os teus lábios
Acariciar o teu corpo
Compreender os teus desejos
Realizar os teus afãs
Concretizar os teus sonhos
Explorar os teus sentidos
Perdoar os teus erros
Ultrapassar os teus limites...
Amor de ponta-a-cabeça
Sentimento ao avesso
Devasso, de versos a versos
Perversos elementos do mal...
Do delicioso mal de se querer,
Pecados em sonhos insanos
Nos chamam à chama da cama
E lençois de cetim...
Sentidos impuros, puro impulso de cio...
Enquanto todas as constelação nos observam
Como um turbilhão voyer de diamantes
Nas noites em que nos amamos
Nossos erros nos absorvem
E o prazer nos absolve
Do pecado de sermos amantes...

Marcos Alderico
11/09/2010
10:57h

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Doidos



Dê-me um cheiro

Dê-me um beijo

Dê-me um mundo

Dê-me uma vida para viver

Dê-me uma razão para ser feliz

Dê-me um gozo

Dê-me um sonho

Dê-me um sono,

Depois, acorde-me feito louca, dando-me paixão!!!

Dê-me um cansaço

Dê-me, então, seus braços

Dê-me abraços, amassos,

Dê-me seus passos

Dê-me um universo de novidades

Dê-me versos e vadiagens

Dê-me sorrisos e gargalhadas

Dê-me circo e palhaçadas

Dê-se a mim

Que dou-me a você

Em tons,

sons,

cores,

flores,

dores,

prazeres

E amores

Porque somos doidos

Doidos apaixonados

Somos a personificação do que se possa chamar desejo...





Marcos Alderico
Num/dia/desses
A tal hora,
numa cama qualquer...

sábado, 19 de junho de 2010

O amor e o espinho


Como uma onda em sua ida sem volta
Uma nau navegando sem rota
Colidindo na arrebentação
Na praia deserta e árida de um coração

Como aquele rumo que não se ampara em caminho
A melancólica vela apagada no fim de uma estrada
O que resta depois do fim do carinho
É apenas um grande vazio, é nada...

A rosa feriu-se no próprio espinho
A ferida deixou-a despetalada
Beijaflor acolheu-a em seu próprio ninho
Para amar ainda estava despreparada

Quando o amor deixa no coração uma semente
Os enganos plantam-se na areia fria da mente
De onde nascem ervas venenosas e amargas
Bebidas em goladas fartas e largas

Anda-se torpe pelo caminho que for
Até que chegue o dia em que aquele amor
Que foi depositado e esquecido no coração
Noutro dia germine-se viçosa plantação

Os erros se transformam em perdão
A dor é puro esquecimento
O que se quer viver é o momento
Quando o amor é mais forte que a traição...


Marcos Alderico
19/06/2010
6:56h

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Amor de regresso




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O amor é a força motriz da vida
É o bálsamo que sara a ferida
E o ferro que a ela faz
Um dia amado distante
Que o amor busca e o traz
Nos deixa sem rumo nem paz
Tira de nós o equilíbrio
O delírio de não poder mais
Amar como um dia distante
Em retorno aos dias atuais...

Marcos Alderico
15/06/2010

domingo, 30 de maio de 2010

Mantra


Hoje será um dia de vitórias.
Que eu não conquiste riquezas,
mas encontre amigos;
que eu não conquiste carrões,
mas encontre fôlego;
que eu não conquiste poder,
mas encontre respeito;
que eu não precise matar um leão,
mas saiba torná-lo dócil;
que eu não precise exercitar minha paciência,
mas ponha em prática minha tolerância;
que eu não precise repetir uma ladainha,
mas componha poesias como preces;
que eu cante mantras até adormecer
e a manta estrelada do Universo
envolva meus sonhos;
que eu seja sábio na prosperidade,
Poeta na simplicidade
e rico de inspiração,
só para que eu possa entoar
um mantra novo a cada amanhecer...

Marcos Alderico
06/06/2007
16:50h

Alegria! Alegria!




O que será de nós? - perguntariam as flores -
sem ninguém a admirar nossa multicolorida existência,
nem a sorver a fragrância das nossas essências?

Minha luz para quê? Se tudo se cala em sombra fria - assim o Sol diria -
sem beijos apaixonados dos casais à beiramar?

Onde estarão os versos, os sonetos, as odes e as rimas
que me desnudam e tornam mulher? - solitária, lamentaria a Lua.

O que será das palavras e dos refrões, sem a sensibilidade
das letras nem a melodia das conções? - aos prantos, a Poesia.

Ao Poeta não é facultado o direito a férias,
do contrário o mundo sofreria consequências muito sérias,
entraria em colapso natural,
declinando-se sob a força e a falsa moral.
Abaixo todos os poderes,
congressos e alianças!
Voltemos a ser crianças!
Chega de Marcados e Economia!
Volte, Poeta, componha versos e poesias!!!
Alegria! Alegria!

Marcos Alderico
10/01/2006
17:20h

O Sonho e a Poesia




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Sonhei com a queda de todas as barreiras,
Atravessei, livremente, por todas as fronteiras,
Subi num monte de montanhas,
Andei nos Andes e, antes de acordar,
Já estava no Himalaia de mala e cuia.
Descansei à beira de muitos rios de vales encantados.
Cruzei oceanos, o que nem em cem anos
Me atreveria fiz sem temor algum.
Bebi água doce nas fontes dos oásis que encontrei.
Refresquei-me nas cascatas cristalinas
Em entardeceres divinais.
Presenciei a todos os finais,
Compreendi todos os sinais,
Desvendei todas as magias
E concluí ser possível a felicidade
Sendo brisa e pensamento
Exatamente no momento
Em que se cruzam o Sonho e a Poesia.

Marcos Alderico
03/08/2006
17:51h

Náufrago


A quem interessar possa:

que queira salvar um náufrago do amor,

perdido em uma ilha de saudades,

cercada de recordações,

ameaçado por selvagens desejos de carícias,

sufocado pela carência de afagos,

faminto por lábios entreabertos,

regados por loucas palavras

ditadas pela paixão,

em mágicos momentos de prazer.

Que chegue bem de mansinho,

trazendo um farol no olhar

para que eu possa me guiar,

uma boca insaciável de beijos,

onde eu mate minha sede

em fonte de água doce,

uma mina de suor,

onde eu lave minha aura

e purifique meus anseios.

A quem interessar possa,

que não me mande resgatar,

apenas lance-se neste mar

com um oceano de fantasias

que possamos, juntos, realizar...



Marcos Alderico
06/03/2006
16:56h

Última Vontade




Minhas boas recordações
deixo para as claras manhãs de abril;
Meus verdadeiros sorrisos,
aos olhares dos amigos;
Minhas mais belas melodias,
à sinfonia das aves, ao cair da tarde;
Meus inesquecíveis sonhos,
às constelações;
Minhas mais intensas letras
ficam para a Lua;
Meus mais ardentes desejos
devolvo-os ao Sol;
Meus mais profundos segredos
deixo-os todos revelados ao vento;
Meus mais sórdidos pecados,
ao tempo, que os cuide,
vele e jamais os revele a ninguém;
Meus passos certos e firmes,
aos convites dos atalhos;
Minhas pisadas em falso e os tombos tantos,
aos conselhos não ouvidos;
Deixo meu deboche e minhas mesuras
às lágrimas e lamentações;
Para cada falsidade,
um verdadeiro desprezo;
Para cada mentira,
uma mordaça;
Para cada santo,
uma garrafa de cachaça;
Aos inimigos só poeira e traça
e para suas invejas
só posso achar graça
de todos os males
que a mim nem tocaram.
Só uma última vontade:
que a Poesia não se venda,
não se corrompa, nem se cale.
Quem quiser falar de mim, que fale.
O Poeta é mesmo assim,
ao mesmo tempo em que não vale nada,
não tem preço.
A Poesia não tem fim, é recomeço.


Marcos Alderico
13/11/2006
17:45h

sábado, 29 de maio de 2010

Esses loucos fantásticos e seus sonhos maravilhosos...



O sucesso não se alcança
apenas com acertos e vitórias.
É um tecido de pequenas conquistas
cujos pontos são um incontável
número de erros e derrotas.
A diferença entre o sucesso e o fracasso
é a persistência.
Desistir diante de uma derrota,
ainda que seja a milésima,
é distanciar-se da almejada glória,
mesmo que seja a única.
Aos gênios, assim como aos sábios,
não foi dado o poder de voar.
A realidade da razão, porém,
não é possível só pela genialidade
ou pela sabedoria,
é, antes de tudo,
por causa da ousadia da loucura
daqueles que resolveram desafiar
o universo a fim de provar
a possibilidade de seus sonhos
e foram chamados de loucos por terem conseguido...




Marcos Alderico
16/11/2006
16:33h

Causa



Uma causa: você existe.
Uma infinidade de efeitos:
Penso em você,
Amo você, Vivo você,
Quero você
(em calor e suor).
Não vou me calar.
Se você me arranhar, melhor.
Sentir sua dor,
Sua força, se quiser me morder
(seja com prazer),
Então, morda-me,
Por favor.
Sou escravo fiel,
Súdito leal,
Sem medos,
Sem pudores,
Sem vergonha,
Sem critérios para acatar suas ordens...
Sem mistérios, nem segredos
(todos sabem que a amo).
Então, só doação e vontade
Em templos de nos perdermos
E enlouquecermos,
Até encontrarmo-nos exauridos
Na mansidão da madrugada...



Marcos Alderico
09/06/2006
16:25h

sábado, 22 de maio de 2010

Manifesto à Loucura



Em primeiro lugar, quero declarar-me louco.
Quero deixar para depois qualquer ato de sanidade.
Não quero que me acompanhe a sensatez nem a razão.
Nada de lucidez nem claridade.
E aonde quer que eu vá, que seja olhado com desconfiança
por todos aqueles que se julgam normais.
No mais, ser louco é mesmo atingir o cimo da liberdade.
Se eu quisesse gritar, gritar muito, gritar até perder a voz,
quem pensaria em me fazer parar?
E se eu quisesse fazer mangoças e rir até perder o fôlego?
Se quisesse mentir a todos e criasse o meu próprio mundo,
onde fosse advertido pelo Ministério da Loucura
que ser normal fosse "prejudicial à saúde"?
Onde o lar de todo cidadão fosse um manicômio
e amar fosse matéria obrigatória em todas as escolas,
uma vez que a paz faria parte do patrimônio comum.
Não haveria governadores no meu mundo muito louco,
apenas artistas.
Ao invés do exército, o Teatro nas ruas para que todo mundo visse
e encenasse seus próprios personagens, vivesse o papel que lhe conviesse,
ao seu modo e somente pelo inenarrável prazer de ser exatamente aquilo
que na realidade não se pode ser.
Os músicos também estariam por todas as partes,
sempre acompanhados por um batalhão de dançarinos.
E, como estou falando de todas as artes,
não poderiam faltar os Poetas, Escritores, Escultores, Pintores, Forógrafos e
Artesãos, sempre prontos para registrarem a todos os movimentos
com seus lápis, pincéis, entalhedeiras, flashes e formões.
No meu mundo seria assim: não haveria sermões.
Nenhuma frase imperativa senão Viva! Ria! Ame! Liberte-se!
Repressão e camisas-de-força não existiriam lá, também.
Então, o que você está esperando?
Aceite o convite da loucura.
Viva ao menos no mais profundo íntimo do seu senso,
mesmo nos recônditos da sua lucidez, um momento insano.
Aliene-se.
Porque do jeito como este mundo esta indo,
do jeito como você tem vivido,
a "Indesejável das gentes" lhe está sorrindo
e você corre um sério risco
de não ter mais tempo para isso.


Marcos Alderico
10/06/2005
12:34h

P.S.: Escrevi esta poesia no meio de um princípio de enfarto causado por um dia de estresse. Estava na enfermaria, já medicado...e pensando na vida.

O que me importa



O que me tem incomodado
é o círculo perfeito que existe
entre os dias e as noites;
o ponto de encontro exato
da luz com a sombra
que nasce bem em baixo dos meus pés;
o entediante ir e vir das pessoas,
como ondas presas
depressas depressões
de pressões de prisões
de bens metais (débeis mentais)
o que me importa
não se importa com o
produto INFERNO E BRUTO
das balança$ comerciai$ mundiai$
Quero mais Poesia e mais Arte
Containers e mais containers
de músicos piratas
made in Taiwan, Mossoró ou Coqueirais
(osanodaArteénãoserumacoisasó)
E se um dia encontrarem-se
a Lua e o Sol farão cader
estrelas choventes
e nada mais será igual
à filosofia vã
depois que se encontrarem o poeta
que existe em você
e Erasmo de Rotterdam
E um dia, depois da queda de todos os generais
e livres de todos os líderes mundiais
poderemos voltar a ser todos, e não
apenas uns poucos,
sãos o suficiente para olharmos para o céu
e, sem medo, entendermos que Deus
é o mais sábio de todos os loucos...



Marcos Alderico
29/05/2007
10:42

domingo, 2 de maio de 2010

Dilema...



Tudo, vindo de ti, é poema
Este é o meu grande problema
Viver num reino chamado dilema
Amando a minha rainha pequena
À distância segura de mim.
Enfeitiçando-a com minhas palavras
Como bruxo, mago encantador
De frases, alquimista de emoções!
Enclausurado, vago pelos porões
E pelas masmorras deste sentimento
Aguardando o pleno momento
De não mais me esconder,
Tornar-me o seu príncipe encantado
Levado por meu cavalo alado
E, enfim, voltar a viver...

Marcos Alderico
Abril/2010

sexta-feira, 16 de abril de 2010

DEUS É SHOW DE BOLA

Tenho uma relação muito legal com Deus. Sempre nos encontramos em situações bem legais. Algumas vezes já fomos a alguns estádios assistir clássicos de futebol. Deus gosta dos clássicos, embora não torça para time algum, afinal, como Ele mesmo diz, "todos pedem Minha torcida e, como Eu não a posso dar a um único time, também não posso torcer contra". Mas admite que tem por um, em especial, e por sua torcida, também, uma certa simpatia. É pelo Corinthians, pelo Timão. Disse-me que o Corinthians nunca foi campeão da Libertadores para que a soberba não torne seus torcedores - milhões de pessoas apaixonadas, pais de família, trabalhadores, mulheres, crianças, idosos, alegres, felizes e, sobretudo, fiéis - em arrogantes torcedores inclinados somente à vitória, sem a qual parece que a vida não existe. Ele me disse que é preciso saber dar valor à vitória, sim, mas estar preparado para a derrota, que é o melhor treino para a superação. E superação é o sobrenome do Brasil.
Por falar nisso, dias atrás levei um enorme susto. Bem no meio de uma partida Ele, subitamente, saiu correndo. Disse-me, atendendo o seu celular, apressado: - "Estão Me chamando. Já volto. Pegue. Fique com as minhas fichas de cervejas, mas não tome todas, heim? E, se beber, não dirija!" - Tudo bem, eu estava de táxi - "Volto a tempo de assistir ao término do segundo tempo". E saiu. Em pouco tempo retornou e disse: "Poxa, aconteceu o que eu temia já a muito tempo. Houve um deslizamento em Niterói e muitas vidas se foram. É uma pena que aqui no Brasil, onde renderam-Me tão bela homenagem, erguendo em Meu nome, no mais alto e belo lugar deste solo, de braços abertos, majestosa imagem, tenha que haver esses tipos de acidentes. Mas é uma forma de alerta aos dirigentes desta nação. Infelizmente, é necessário que muitos pereçam para acordar a sociedade para que se una contra as intempéries e contra aqueles que só pensam nos próprios benefícios. Era notório que aquilo iria acontecer, mais cedo ou mais tarde". Fiquei apreensivo, mas Ele disse que havia uma falange de anjos empenhados em salvar algumas vidas do meio daquela situação. Disse-me que aqueles anjos nem sabiam que o são e que as pessoas que haviam sido levadas estavam bem. Estavam sendo esperadas e eram tratadas com todo o carinho e recebendo todos os cuidados. Os que aqui ficaram devem ter por exemplo de que o que é errado não se deve ser praticado e, mais ainda, que àqueles que cometeram o maior dos erros, aqueles que tinham o poder público nas mãos para impedir tal tragédia, deve-se marcar como não confiáveis. Devem ser deletados. "Esse povo...um dia eles aprendem". Aí eu perguntei se Ele não poderia ter evitado aquela situação, ao que Ele me respondeu: "Fiz o que pude. Coloquei nas cabeças humanas uma inteligência criadora de técnicas e equipamentos, capaz de compreender o tempo, através da História, de dominar a Geografia, conhecer os solos, curar aos seus semelhantes, criei, lá na Grécia, em parceria com outro grande amigo, o Sócrates, a Ética, mas, alguns homens não entenderam e se utilizaram das capacidade que Eu lhes dei para criar conflitos e dominar uns aos outros, visando apenas o poder, querendo se igualar a Mim. E olhe-Me: estou aqui, sentando numa arquibancada assistindo ao futebol com você e com todos que aqui estão manifestando sua fé em Mim, muito mais do que se estivessem numa igreja. Conflituoso, não é? Mas, no momento em que um jogador marca um gol, sai correndo, se ajoelha e aponta seus indicadores para o céu, oferecendo-me o seu feito (e olha que Eu já disse que não participo disso), todos alinham seus pensamentos em gratidão a Mim. Posso dizer que é das maiores dedicações de fé que Eu recebo. Eu os criei minha imagem e semelhança, mas gosto de ser Eu também a imagem e semelhança de vocês. Também sou alegre, também tenho meus momentos de felicidade, de alegria. Não sei por que tenho que ser entendido como aquele velhinho carrancudo e sem graça, perseguidor e vingativo. Criei e gosto muito da vida. Mas, voltando ao assunto, com toda a capacidade técnica, porém sem a Ética, os governantes permitiram que as pessoas fossem se instalando por ali, mesmo sabendo-se dos riscos. Ai...deu no que deu. Eu me importo, sim, com suas vidas, mas devo deixá-los aprender como vivê-las".
"Olha lá!! Vai ser gol! Goooooooooooool! Goooooooooool! Gooooooooooooool"! De quem? – perguntei-Lhe. "Não sei" – respondeu-me – "não me importo com isso. Gosto mesmo é de ver o Meu povo feliz!!!"

sábado, 20 de março de 2010

Me namora



Um beijo com AROMA de AMORA
O amor que mora em mim
Desperta de hora em hora,
A tua ausência é a Quimera que me devora,
Ora, vê se não demora,
Vem e me namora.
Qualquer minuto sem a tua essência me apavora.



Marcos Alderico
11/03/2010
00:17

outro agradecimento...

...me rendo



Teu olhar de profundo céu
Inspiram-me saudades
Em dias de azul intenso.

Até penso estar morrendo
Se não a vir sorrindo.

E é tão lindo vê-la
Encantada diante da poesia
Que para você escrevo,

Que para você, escravo, me rendo.



Marcos Alderico
10/03/2010
23:52

Um agradecimento...

sexta-feira, 12 de março de 2010

12 de março, dia do profissional de biblioteca


Os autores se preocuparam, cada um em sua área, em passar todo o conhecimento das mais variadas ciências, dos mais profundos sentimentos, das melhores idéias, dos mais avançados sistemas, dos mais adequados meios, das mais sofisticados técnicas, das grandes transformações, dos mais incríveis sonhos e das mais arrojadas tecnologias para a formação do seu saber. Porém, para que todo esse conhecimento chegasse até você foi necessária a paciência, a dedicação, a minúcia e o carinho do trabalho de um profissional que tem a missão de guiá-lo(a) rumo ao conhecimento e salvaguardar as fontes do seu futuro: o bibliotecário e profissionais auxiliares. No dia 12 de março, lembre-se disso.

Marcos Alderico

Um cartum sem graça...



Uma grande perda, real-mente. Uma MENTE REAL que ficará eternizada na genialidade de suas criações. Pena termos que continuar assistindo mentes brilhantes perdendo o brilho da vida, já meio fosco pela violência da estupidez e pela estupidez da violência.
Hoje é dia 12 de março, dia do profissional de bibliotecas. Eu estou dentro desse contexto profissional, porém, não comemorei. Os livros pareciam tristes, sem "palavras" para descrever o que Glauco, certamente, faria com alguns traços. Aliás, creio que nós, artistas de qualquer sorte somos os traços que Deus usa para levar a alegria de poder viver cada dia com mais entusiasmo a Sua Divina graça. Glauco foi um cara assim. Brincava com as imagens do dia-a-dia. Que Deus (só Ele mesmo) nos proteja e receba Glauco e seu filho, Raoni, com uma manchete de primeira página do Jornal Celestial dizendo: "Sejam bem-vindos, meus filhos".

sábado, 6 de março de 2010

8 de março


Eu sabia. Hoje, quando saí de casa, cedinho, notei uma luz diferente. O sol parecia brilhar mais. Estava mais alegre, mais vivo. Não sabia direito o que era aquele fenômeno. Uma brisa fresca e cheirosa envolveu o meu corpo e encheu o meu peito de encanto. Parecia mais leve, diria, até, mais delicado. A bem da verdade fui apanhado por uma sensação de vaidade. É bem verdade que só descobri mais tarde o que estava no ar e que me fez refletir: "Que homem de sorte que eu sou. Hoje é o Dia da Mulher e quem recebe o presente sou eu, que tive todos os cuidados e o carinho de uma mulher (minha mãe), as carícias e as delícias de algumas mulheres, a sinceridade da amizade de outras mulheres, o amor e a atenção da minha mulher". Pensei: "Parabéns às mulheres por este dia e, por todos os demais, obrigado por existirem e serem essencias na minha vida".

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Pausa para amar



Não quero ser mais uma poesia a falar da dor
Não quero falar da fome,
Não quero falar de adeus
Ou qualquer coisa igual.
Apenas quero falar do amor,
Algo tão normal...

Não quero falar de guerra,
Mas vejo homens tombando sobre a terra,
Irrigando-a com sal,
Mas quero apenas falar do amor,
Algo tão normal...

Vejo a Terra se abrindo,
Caças supersônicos singrando lá em cima...
Retrocedendo em minha memória
Vejo crianças queimadas em Hiroshima.
Super-homens sorrindo,
Gargalhada banal,
Mas quero apenas falar do amor,
Algo tão normal...

Falar da vida,
Pássaros em revoada,
Índios sem caraíbas
Agradecendo a seus Tupãs
Por mais uma alvorada
Todas as manhãs,
Mas vejo a devastação das matas,
Caçadores roubando a vida do Pantanal
E quero apenas falar do amor,
Algo tão normal...

Enfim, sou uma poesia tola
Tentando, entre tanta coisa original,
Falar apenas do amor,
Algo tão normal...

Marcos Alderico
21/02/1995

Aos poetas



Aos poetas sobrou a solidão do mar
O torpe movimento de sua ondas
Que guardam o reflexo do brilho
Das constelações

Aos poetas sobrou o encanto da Lua,
A magia das flores,
A alegria das cores,
A agonia e os prazeres
Que dão sabor aos amores

Aos poetas sobrou um canto
Nas estantes das salas
E um suave sabor de eternidade




Marcos Alderico
19/11/1998
9:36h

Cúmplices


Ouvi o Sol e ele me disse luz
Numa manhã em que a monotonia
Se adonava do canto do sabiá.
Minha rede ainda era preguiçosa
Quando a cabocla se foi, cedinho...
Éramos assim: cúmplices
O Sol, a monotonia, o sabiá a rede e eu.

Marcos Alderico
30/12/1997
17:20h

Poesias de Barro



Desejo uma poesia por minuto
uma rima por segundo
- um passo profundo
- de um poço fecundo.
Uma formiga tecendo árvores,
Criando mestres
À sombra de um pé de arte.
Não quero rimar valsa com salsa.
Antes, dor com blues,
Amor com pus

Marcos Alderico
01/10/1996
22:58h

O homem alfabetizado de ventos
Não escreve aranhacéus,
Planta beijaflores,
Cultiva répteis...
(inútil é entender poesias)


Marcos Alderico
01/10/1996
23:05h

Tinha um par de sapatos.
Joguei-os no ribeirão
E criei raízes no lodo.
Virei chão.

Marcos Alderico
01/10/1996
23:08h

O cheiro sutil das sombras
Engorda os olhos,
Esconderijo de tralhas.

Marcos Alderico
02/10/1996
8:49h


Uma singela homenagem ao poeta Manoel de Barros.

Canção para anjos em dó menor



Os nossos ídolos parecem estar sumindo
E nossos filhos com olhares perdidos
Procuram entender seus heróis

Estamos sós.
Estamos tão sós...

O dia está sorrindo
O céu está tão lindo
E mesmo assim não escuto a tua voz

Onde estarão nossos ídolos?
Onde estarão nossos heróis?
Onde andarão nossos líderes?
Onde andará nosso portavoz?

Vamos deixar nossas lágrimas rolarem
Para o oceano mais próximo e se misturarem
Com infinitas ondas em belos dias de calor
E veremos nossas crianças cantarem
Canções que acalentem essa dor

Vamos compor para cada Poesia uma flor
E fazer com que o soluço que cala o nosso grito
Traga um dia o infinito e nos leve à perfeição
Como um cara tão bonito
De sentimentos, alma e coração.

Vamos falar de anjos
E nos lembrar de Poetas alados
Então poderemos sem mais que homens e mulheres
Um dia quando nos encontrarmos com a Verdade
Então entenderemos que o verdadeiro pecado
É ter passado por esta vida
Sem ter jamais amado...




(assim foi o meu adeus ao poeta Renato Russo, em 13/10/1996, às 23:40h. Saudades...)

Imagens do tempo



Miro no espelho imagens tortas.
Reflexo do passado.
Estilhaços de mim
Que o Tempo, impiedoso e sapiente
Poupa para que eu continue mirando
Imagens mortas.

Fecho os olhos.

Para não ver o ardiloso Tempo passar,
Tranco as portas.
Tentativa em vão, ele passa.
Deixa em mim rastros de gozos e desertos.
Impávido, segue meu impiedoso algoz.
Envelhece minha pele narcisa.

Cansados vagueiam meus olhos
Na incompreensível eternidade,
Tentando fictos aceitá-la.
Meu cigarro consome-se ao vento.
Novamente é o Tempo
Que se vai sem rumo nem pressa.
Nessa nau sou passageiro e eterno.
Luto contra a morbidez do meu próprio luto.
Sobre mim desaba a areia degenerativa desta ampulheta.
Implacável, Cronos me devora...




Marcos Alderico
07/05/1995

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O Encantador de Palavras



Sou encantador de palavras.
Lavro-as livres,
Leves como levo a vida,
Envolvidas em vazio e flores.
Palavras soltas no ar
Como a brisa à beira-mar.
Não as prendo aos limites dos livros.
São lindas lidas na lida
Do exercício dos amores.
(Para dizer que amo,
Picho-as nos muros,
Lanço-as na Net
Deito-as na rede e as amo).
Deleito-me no delito de amar sem a marca da culpa
A me atazanar.
Sou encantador de palavras
E mesmo quando a vida me divide,
Me divirto desvirtuando os sentidos
De tudo o que pareça claro
E declaro-me antagônico de tudo que seja óbvio.
O amor não é óbvio, por isso amo e não reclamo.

Marcos Alderico
03/02/2010
23:26h

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Zilda Arns

"Nunca se deve complicar o que pode ser feito de maneira simples"Zilda Arns.



Não lamentarei a partida de Zilda. Sim, eu a chamarei simplesmente assim: Zilda. Sem mencionar títulos, prêmios nem honrarias. Isso em respeito àquilo que sempre pregou em sua vida: a humildade e a simplicidade. Não lastimarei as circunstâncias de sua ida, pois não poderia ter sido mais oportuno o momento e o lugar, certos como certo é o escrever de Deus. Zilda não morreu, foi convocada a novas missões. Aqui, sua tarefa foi executada com dignidade, com amor, fé e sem deixar a elegância de ser mulher. Não deixará saudades. Mas saudades e exemplos. O vazio que restou em seu lugar, certamente espera que se preencha com tudo aquilo que ensinou: com compaixão, com trabalho, com carinho, com dedicação, com coragem, com fé, com sorriso, com felicidade em se servir o próximo...com amor.
Zilda não tinha ares de super-heroína, mas possuía superpoderes como o da doçura contagiante e do afeto paralisante.
Quanto a nós, é bom lembramo-nos que o Haiti é logo aqui, bem perto. No lado de cada um. Mantenhamo-nos em prece pelos nossos milhares de irmãos que se foram e pelos muitos mais que ficaram e, além da prece, coloquemo-nos à disposição de Deus para que, de alguma forma, possamos ser úteis como Zilda.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Pétalas ao vento



Em quantas madrugadas permeadas de inquietude
Fiz-me repleto de silêncio e dor
Atazanado pela ausência angustiante
Dos dias em que vivemos o nosso amor?

Por quantos sinais vermelhos já passei?
Não por faltar-me responsabilidade
Antes que fora pelo fato de lembrar-me
Das torpes palavras ditas pela boca
Insana daquela que muito amei.

Quantas vezes fiz-me aos berros ser ouvido
Já que se calou para mim a voz
Que gritou para o mundo todo
Coisas que hoje se agonizam
Sem força suficiente para serem sequer
Mero gemido?

Nem mesmo as musas que o meu peito inventa,
Nem mesmo a sensatez que me falta
Ou o frio que me atormenta,

Nem o olhar quando se encontra perdido no tempo
Nada me faz aceitar
Mas tudo me faz entender
Que o passado quando se faz presente
É como pétalas ao vento...




Marcos Alderico
14/06/2004
17:04h

Saudades de um coração amazonense

Esta poesia é também letra de uma canção que compus para a minha terra, o Amazonas. Não tem qualquer pretensão de sucesso. Canto-a para aplacar a saudade, quando esta me machuca.




Quando deixei tuas águas para trás
Deixei também minha infância
Que não volta mais

Tinha no peito esperança
Nos olhos saudades
Dos cabelos negros daquela morena

Como negro é o Rio Negro é o Rio-Mar
Deixei tuas águas querendo ficar
Deixei a morena querendo voltar

Mas dançam as horas
Na ciranda do tempo
A têmpora, agora, já esbranquiçou
A distância cruel minha infância apagou
E as fotografias ela desbotou

E foram tantos os acertos, os erros, enganos,
Tristezas, amigos, amores, paixões
E dias solitários como solitária é a ida
Para o mar do Rio Solimões

Te amo Amazonas
Te amo e vou regressar
O mundo tem cantos e coisas tão belas
Mas nenhuma delas
Os encantos de lá



Marcos Alderico
2000