terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Zilda Arns

"Nunca se deve complicar o que pode ser feito de maneira simples"Zilda Arns.



Não lamentarei a partida de Zilda. Sim, eu a chamarei simplesmente assim: Zilda. Sem mencionar títulos, prêmios nem honrarias. Isso em respeito àquilo que sempre pregou em sua vida: a humildade e a simplicidade. Não lastimarei as circunstâncias de sua ida, pois não poderia ter sido mais oportuno o momento e o lugar, certos como certo é o escrever de Deus. Zilda não morreu, foi convocada a novas missões. Aqui, sua tarefa foi executada com dignidade, com amor, fé e sem deixar a elegância de ser mulher. Não deixará saudades. Mas saudades e exemplos. O vazio que restou em seu lugar, certamente espera que se preencha com tudo aquilo que ensinou: com compaixão, com trabalho, com carinho, com dedicação, com coragem, com fé, com sorriso, com felicidade em se servir o próximo...com amor.
Zilda não tinha ares de super-heroína, mas possuía superpoderes como o da doçura contagiante e do afeto paralisante.
Quanto a nós, é bom lembramo-nos que o Haiti é logo aqui, bem perto. No lado de cada um. Mantenhamo-nos em prece pelos nossos milhares de irmãos que se foram e pelos muitos mais que ficaram e, além da prece, coloquemo-nos à disposição de Deus para que, de alguma forma, possamos ser úteis como Zilda.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Pétalas ao vento



Em quantas madrugadas permeadas de inquietude
Fiz-me repleto de silêncio e dor
Atazanado pela ausência angustiante
Dos dias em que vivemos o nosso amor?

Por quantos sinais vermelhos já passei?
Não por faltar-me responsabilidade
Antes que fora pelo fato de lembrar-me
Das torpes palavras ditas pela boca
Insana daquela que muito amei.

Quantas vezes fiz-me aos berros ser ouvido
Já que se calou para mim a voz
Que gritou para o mundo todo
Coisas que hoje se agonizam
Sem força suficiente para serem sequer
Mero gemido?

Nem mesmo as musas que o meu peito inventa,
Nem mesmo a sensatez que me falta
Ou o frio que me atormenta,

Nem o olhar quando se encontra perdido no tempo
Nada me faz aceitar
Mas tudo me faz entender
Que o passado quando se faz presente
É como pétalas ao vento...




Marcos Alderico
14/06/2004
17:04h

Saudades de um coração amazonense

Esta poesia é também letra de uma canção que compus para a minha terra, o Amazonas. Não tem qualquer pretensão de sucesso. Canto-a para aplacar a saudade, quando esta me machuca.




Quando deixei tuas águas para trás
Deixei também minha infância
Que não volta mais

Tinha no peito esperança
Nos olhos saudades
Dos cabelos negros daquela morena

Como negro é o Rio Negro é o Rio-Mar
Deixei tuas águas querendo ficar
Deixei a morena querendo voltar

Mas dançam as horas
Na ciranda do tempo
A têmpora, agora, já esbranquiçou
A distância cruel minha infância apagou
E as fotografias ela desbotou

E foram tantos os acertos, os erros, enganos,
Tristezas, amigos, amores, paixões
E dias solitários como solitária é a ida
Para o mar do Rio Solimões

Te amo Amazonas
Te amo e vou regressar
O mundo tem cantos e coisas tão belas
Mas nenhuma delas
Os encantos de lá



Marcos Alderico
2000

Alma Latina

Sou mais um latino-americano
Com sede de tinta e fome de papel.
Latino-americano cego de sorrisos,
Exausto de amarguras.
Sou latino-americano com todos os meus defeitos.
Minhas palavras são ranhentas,
Minhas letras são amargas,
Meus pensamentos me machucam,
A melodia das minhas canções está cansada.
Mas não desisto de sorrir.
Quero pensar,
Acreditar que a felicidade existe,
Apenas se escondeu,
Numa brincadeira de mau gosto.
Sou latino-americano
E quero morrer em dias de chuva
Para não guardar saudade das manhãs de sol.
Morrer em dias de paz ou de guerra,
Mas defendendo minha terra
Com a caneta ou com o fuzil.
Então, descansar meus olhos
Sob as raízes da palmeira do açaí,
À beira de um rio,
Na terra onde nasci.
Depois tornar a nascer
Novamente latino-americano.

Marcos Alderico
1994

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

...e a vida segue...



E a vida segue...
Não há nada, não.
Não foi possível
Não tem solução,
Só um soluço no coração.
E a vida segue...
Já foi melhor,
Já até passou,
Não me arrependo,
Nem mais me lembro.
E a vida segue...
Um dia, quem sabe...
Outro dia, talvez...
Um terceiro, jamais.
Diga-me não,
Me negue
Que a vida segue...
O que me persegue
É a esperança,
Pois essa jamais cansa.
Enquanto a vida segue
A gente dança,
Finge que canta
E o que nos acalanta
É que a vida segue
Vadia, apaixonada e nua
E quando não se segue mais a vida,
Ainda assim, a vida continua...



Marcos Alderico
08/01/10
21:59h

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Voltar



Voltar. Foram tantas as vezes que quis.
Recomeçar. Tantas foram as vezes que tentei.
Reconstruir. Parecia impossível, visto lá de baixo.
Debaixo dos escombros do que antes fora sólido, tudo era ruína.
Estava tudo escuro e feio.
Era eu o escombro.
Era a minha vida aos pedaços.
A fria brisa do tempo soprara meus cabelos e os tornara cinza,
Como cinza parecia tudo o que me cercava.
Sentia um gosto vazio de orvalhos mal dormidos.
Como um menino mal comportado tentava esconder-me
Da negra dama a engolir-me com seus grandes e negros olhos
Enfeitados de estrelas.
O medo era o castigo.
E o que me faria feliz?
Com um suave sabor de ternura, beijar uma boca amada.
Queria sentir o sol,
Poder revê-lo,
Reencontrar as flores, os velhos amigos
E a poesia, a tanto tempo em mim adormecida.
Queria reencontrá-la e nunca mais deixá-la sair da minha vida.
Por isso enfrentei o terrível medo de voltar
E voltei...


Marcos Alderico
01/11/2002
NOTA: Embora esta poesia tenha sido composta em 2002, creio que ela reflita o sentimento de todos quanto às tragédias ocorridas no final de 2009. Aos brasileiros que sofreram com tamanha fúria natural, força e coragem na reconstrução de suas vidas. Se este blog, de alguma maneira puder ajudar, está à disposição.

Filosofia de Botequim



Em rodas de conversa-fiada pelos botecos de Campo Grande ouvi estas pérolas e agora divido-as com vocês. Divirtam-se.

“Eu não sou intransigente o tempo inteiro, só quando não concordam comigo...”
“Gosto das mulheres que falam o tempo todo porque gosto das mulheres.”
“O que mais me chama atenção nas pessoas é a sua indiscrição."
“As pessoas são todas iguais a procura de pessoas diferentes, quando as encontram acham-nas esquisitas.”
“Roube um beijo de uma mulher um dia e ela lhe roubará todos os dias que lhe restarem...”
“Uma vida não se escreve toda de uma só vez, é uma história que vai se compondo aos poucos, cada dia uma nova linha...”
“Todo dia o sol faz brotar a semente do sucesso que existe em cada ser humano. Saia da sombra.”
“Viver é bom, quando se vive bem. Isso só depende de você...”
“Pare um pouco, seus sonhos querem realizá-lo!”
“Quando você tiver certeza de que algo é impossível, duvide. Assim que se faz a História.”
“Tive uma maravilhosa noite de amor na minha lua-de-mel, as outras milhares foram um tédio só...”
“Já tive vontade de sair a conhecer o mundo. Hoje, se ele quiser que venha me conhecer...”

NOTA: a forma como as frases acima foram ditas foi alterada, mas a essência não foi perdida.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Boris Casoy. Isto, sim, é uma vergonha...

A gafe do boris casoy - (isso mesmo, com minúsculas), antigo jornalista que conquistou posição de respeito em várias emissoras de televisão - ao mostrar sua indiferença para com o trabalhador, derrubou uma das últimas máscaras de respeito que tinha este país.Ele, que sempre denunciou e veementemente atacou as faltas de vergonha que assolaram nossa nação, que mais nos indignaram e, até, enojaram, mostrou-se, numa das últimas edições do "JORNAL DA BAND" de 2009, ser o mais falso, desprezível e barato aproveitador da boa-fé popular do Brasil.Aquele que se fazia parecer um defensor da honestidade, do trabalho e da ética demonstrou todo o seu desrespeito e desprezo pelo trabalhador e, diria mais, pelo ser humano. A sua postura por trás das câmeras foi de extrema violência. Em nada me admiraria se o tal vazamento não tenha ocorrido pela indignação de profissionais cansados de presenciar os despautérios já ditos pelo "ancora" - agora o âncora está no seu lugar certo: no fundo.Quero acreditar que os demais profissionais que estavam junto na ilha de edição não compartilhavam com ele da mesma opinião.Quero crer que a BAND tomará a decisão que toda a nação espera e merece.Alguns o defendem dizendo que ele cometeu um erro, mas o erro foi do técnico que deixou vazar o áudio. O que ele cometeu foi uma afronta, uma monstruosidade chamada preconceito.FELIZ 2010 aos serventes, auxiliares de serviços gerais, porteiros, ascensoristas e outros subalternos que trabalharam com esse indivíduo, pois - quero crer - estarão livres dele, se a BAND tiver o mínimo de respeito pelos seus funcionários, pelo público e pelo Brasil.Senhores garis, caso encontrem aquele monte de bosta, por gentileza não o recolham para um lixão (só tomem cuidado para não pisarem), pois ele deve ser visto como exemplo de que a nação pode e deve se unir contra esses estrumes que estão no poder ou correm paralelos a ele como parasitas. Gente (?) que se aproveita da nossa ingenuidade e boa-fé.Não o estou condenando, isso ele mesmo já fez.Não quero e nem desejo mal a ele - antes que alguém levante essa bandeira - só quero que responda pela grosseria que cometeu.


Nota: caso você ainda não tenha assistido à tal matéria, acesse o link do Youtube, no final desta página.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Pouca coisa



Quero pouca coisa dessa vida:
Uma casa com jardim florido,
Um cachorro para chamar de amigo...
Nem precisa ser de raça,
Posto que seja uma amizade de graça.
Uns dias de chuva, outros de sol;
O meu amor sempre comigo
Para dividir aquele velho lençol.
Minhas filhas crescidas
E algum dinheiro para dar guarida.
Preciso de um violão e de uma sacola.
O asfalto é opcional,
Enquanto houver atalhos,
Cajueiros, areais,
Ribeiras e o ribeirões;
Uma algibeira com alguns tostões
Para dar de ofertas
E ignorar sermões;
O tédio da lua
E a rotina do sol
Como velhas novidades
Lançadas à fogueira
Na roda de lorotas dos amigos,
Aguardentes e gargalhadas
No fundo do quintal...


Marcos Alderico
18/04/2009
12:39h

Nuvens



Nuvens de chuva,
Nuvens insanas,
Nuvens tão claras,
Nuvens não raras.
Estão sempre no cio
Tecendo novidades,
Tramando nova história.
As nuvens transam ao sabor do rio,
Dançam ao saber do vento,
Deitam ao mando do tempo,
Gozam para fecundar...
Sou feito de nuvens
Sou feto de chuva
Sou resto de lama que foge pro mar
Não sei se me escondo
No escombro da terra
Pra quê tanta guerra?
Não sei guerrear
Então, que o vento me leve
Sou leve, sou “cirrus”
Sou lindo, sou nimbo
Bem perto estou indo
Para o limbo lunar...

Marcos Alderico
11/08/2008/
11:06h

Na solidão da noite



Já é noite.
Hoje, o dia transcorreu rápido.
Nem percebi o frescor da manhã
Em meio à claridade de outono.
Nem percebi a alegria dos campos floridos
E a cantoria da passarada;
Não declarei o meu amor
À pessoa amada;
Descuidei-me das palavras amigas,
Perdi oportunidades únicas
De ser melhor...
E o que é pior:
O frio da noite
Guarda um céu escuro
De estrelas apagadas,
Que esconde os campos
Sob um manto negro
E o profundo silêncio
Dos passarinhos em sonhos alados.
No silêncio da noite,
Quem eu amo já adormeceu
E meus amigos já se fazem distantes...
No meu peito resta apenas um grito
Ansioso por se libertar
E levar consigo um “eu te amooooooo!!!!” sem dono,
Vadio e sincero.
Na solidão da noite,
Aguardo o amanhecer de uma chance
E guardo uma lição importante:
“Não deixe para amanhã o mínimo amor
Que hoje se possa dar...”


Marcos Alderico
21/04/2009
23:55h

Quadro vivo


Hoje, a noite foi embora numa manhã acinzentada
Típica manhã de final de inverno,
Quando agosto devora mais da metade do ano.
Os pardais, que se aninharam na soleira da minha casa,
Resolveram me despertar mais cedo,
Cantando, ensandecidamente, envelhecidas melodias
Como se grandes novidades.
Hoje olhei pela janela e descobri que tenho uma
Parede pendurada num quadro vivo,
Onde flores vivas aguardam, ansiosas, a primavera.
Sei que o sol está escondido por trás das nuvens
Tal qual um ator ainda na coxia, aguardando
A deixa para a sua aparição.
Hoje está um belo dia para se compor uma canção.
A brisa fria que sopra minha tez
Causa em mim arrepio e inspiração.
Sou criação e criatura.
Neste quadro não sou risco, nem rabisco,
Quiçá caricatura.
Para retratar essa paisagem sou apenas o pincel, sou poeta;
A poesia são os pigmentos daquela mágica aquarela
Que explode em multicores diante dos meus olhos;
E como autor, delicadamente guiando o pincel
E minuciosamente traçando as formas e escolhendo as cores,
O Criador...

Marcos Alderico
01/08/2008
8:23h

Amanhã, quem sabe



Às vezes bem, às vezes mal.
Vou levando a vida a mil,
enquanto a morte me leva lentamente.
Mas não lamente,
eu escolhi meus rumos
e rumores dizem que sou mesmo é inconsequente.
Não tenho dado bola pra Ciência.
Paciência! Anda tudo tão igual
Que o melhor é levar fé
Nas teorias que eu mesmo criei.
Portanto, se quiser vir, venha,
Só não sei que horas vou voltar.
A noite é tão curta,
Mas não nos cobra protetor lunar.
Quem sabe, até, não rola um sexo a dez
Com uma dose de “paixonite”.
Amanhã a gente pode até se encontrar,
Mas, se não quiser, simplesmente me evite.





Marcos Alderico
15/05/2009
19:57

O que importa é a festa


A corda-bamba para mim é uma avenida
Não tenho tempo para a hora da partida
Não tenho medo de ter medo,
Prefiro a verdade que o segredo
Por isso, quem quiser me ignorar, que ignore
Terão que me aceitar, ainda que demore
Não estou nem aí, para o seu domínio,
Se eu não sou dono nem do meu próprio destino
Então só me resta cantar e cantar e viver
Toda noite, todo dia, alegria
Que diferença que isso faz?
O que importa é a festa, a seresta
Porque um dia desses a gente jaz
Aprenda a viver, meu rapaz
Já dizia um velho ditado:
“se morrer é descansar,
Eu prefiro é viver cansado”...


Marcos Alderico
24/04/2009
21:16h

Um dia desses...



Um dia desses,
Não necessariamente hoje,
Tente sorver com toda a força do seu peito
O ar mais puro que a natureza possa lhe oferecer,
Aquele produzido com todo o carinho
E aromatizado com toda a delicadeza das seivas florais
E, então, aprenda a amar o vento;
Um dia desses, amanhã talvez,
Procure sentir no toque sutil e amável da água
Vinda dos mais longínquos recônditos da Terra,
Dos ribeirões, das cordilheiras ou dos subterrâneos,
Toda a pureza e a vida do útero da Terra
E, então, beba-a.
Não sinta que a água faz parte de você,
Mas que você é parte da água,
E, por isso, aprenda a amar as fontes;
Um dia desses, pode ser num feriado,
Quando você não estiver muito ocupado,
Olhe atentamente ao azul do céu,
Tomara que esteja um dia bem bonito
Para que você possa ver, também, o amarelo do sol
Iluminando a aquarela das manhãs de primavera
E, então, extasiado por tamanha luz,
Aprenda a amar as cores;
Um dia desses, não precisa ter pressa,
Quando você quiser ler esse poema,
Sinta a singeleza das palavras,
A cadência das imagens,
A sinceridade da mensagem,
E, então, aprenda a amar a Poesia;
Nesse dia, fuja de toda ideologia,
Liberte-se de qualquer filosofia
Que lhe queira fazer entender
Os motivos que tem o Amor.
Um dia desses, quem sabe agora,
Não tente imaginar para ele uma forma,
Nem um aroma, nem uma cor,
Apenas sinta sua presença,
Pois é a própria presença do Criador...



Marcos Alderico
01/08/2008
21:38h

A loucura do amor



O amor só pode ser mesmo um sintoma de loucura...
Como pode ser possível que alguém ame incondicionalmente?
Dar mais do que receber?
Vivemos em um momento de globalização, de corporativismo!
Devemos manter a balança comercial
E “dar mais do que receber”
Pode acarretar um déficit inflacionário!
Dar a outra face? E a concorrência?
Precisamos torná-la irrelevante.
Amar uns aos outros?
Só se for a juros rentáveis.
Defender a casa de um Pai para quê,
Se nela não O deixamos mais entrar?
Quantas mais chicotadas, socos, tapas e pontapés?
Quantas mais negações diante do espelho?
Cantará o galo pela terceira vez?
Bata o martelo!
Crave um cravo de intolerância em cada uma de suas mãos!
Ele é louco. Perdoa, sempre...
Cuspa-Lhe na cara!
Ele é louco. Sempre amará você...
O amor só pode mesmo ser um sintoma de loucura...
Beije-O na face e O traia.
Pegue sua lança!
Perfure-O no peito!
Depois, deixe-O pendurado na parede de uma sala qualquer.
Porque louco…
louco é Ele...

Marcos Alderico
08/09/09
23:47h

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

O pai que tive



Tive como pai o sol,
Que me iluminou e aqueceu;
Tive como pai o vento,
Que afagou meus cabelos
E embalou-me na rede;
Tive como pai o Rio Negro,
Que me ensinou trilhar caminhos precisos;
Tive como pai o luar,
Que me ensinou a vencer o medo do escuro;
Tive como pai os pássaros,
Que me ensinaram o valor da liberdade;
Tive como pai o trabalho,
Que me mostrou a virtude da honestidade;
Tive como pai o silêncio;
Que me inclinou à meditação;
Tive como pai os poemas,
Com quem sempre compartilhei meus problemas
E com quem foi mais fácil suportar a dor.
Compondo poesias optei pelo amor
Hoje, tenho minhas filhas
A quem espero mostrar as trilhas
Que com meus pais percorri.

Marcos Alderico
10/08/2008
13:23h

R.I.P.

R.I.P.




Tenho andado pouco,
Viajado nada,
Esperado algo que não sei o que é.
Tenho visto o tempo
E ele não é mais louco,
Anda meio sem graça,
Sem rumo, sem força...
Anda largado, fazendo pirraça
Com o mármore estático
Das estátuas das praças.
Estou em estado glacial,
Embora enlouqueça-me
A idéia de um aquecimento global
De um amor que me faltou...
O destino não foi tão bom comigo
Como foi a poesia.
Aquele me cobrou sempre a razão
De uma vida estagnada.
A poesia nunca me cobrou nada,
Amou-me insensatamente,
Simplesmente como se deve amar.
- Foda-se a vida regrada!!!!!
Se é para viver como um fantasma,
Pode me chamar de Gasparzinho, camarada.
Jamais serei mesmo compreendido,
Por isso não morrerei arrependido
Por tudo o que por mim foi dito.
Sinto por não ter ofendido mais.
Não vim aqui para ser messias,
O que eu queria era ser poeta em paz.
Mas ao poeta quem escuta?
Só a loucura e alguns filhos-da-puta.
Todos gente boa, eu sei.
Acho que Deus ama as crianças,
Os poetas e os filhos-da-puta
Que gostam de poesia...
A poesia é uma prece, afinal.
É um pedido de perdão de um anjo caído.
Não lastimo a vida,
Lamento por não a ter vivido...
Por não a ter vivido mais.
Marcos Alderico
30/12/2009
14:58h

Antes que o tempo passe por entre os seus dedos, antes que ele lhe apresente todos os seus medos: antes que a vida se acabe, se acabe de tanto vivê-la.