sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

R.I.P.

R.I.P.




Tenho andado pouco,
Viajado nada,
Esperado algo que não sei o que é.
Tenho visto o tempo
E ele não é mais louco,
Anda meio sem graça,
Sem rumo, sem força...
Anda largado, fazendo pirraça
Com o mármore estático
Das estátuas das praças.
Estou em estado glacial,
Embora enlouqueça-me
A idéia de um aquecimento global
De um amor que me faltou...
O destino não foi tão bom comigo
Como foi a poesia.
Aquele me cobrou sempre a razão
De uma vida estagnada.
A poesia nunca me cobrou nada,
Amou-me insensatamente,
Simplesmente como se deve amar.
- Foda-se a vida regrada!!!!!
Se é para viver como um fantasma,
Pode me chamar de Gasparzinho, camarada.
Jamais serei mesmo compreendido,
Por isso não morrerei arrependido
Por tudo o que por mim foi dito.
Sinto por não ter ofendido mais.
Não vim aqui para ser messias,
O que eu queria era ser poeta em paz.
Mas ao poeta quem escuta?
Só a loucura e alguns filhos-da-puta.
Todos gente boa, eu sei.
Acho que Deus ama as crianças,
Os poetas e os filhos-da-puta
Que gostam de poesia...
A poesia é uma prece, afinal.
É um pedido de perdão de um anjo caído.
Não lastimo a vida,
Lamento por não a ter vivido...
Por não a ter vivido mais.
Marcos Alderico
30/12/2009
14:58h

Antes que o tempo passe por entre os seus dedos, antes que ele lhe apresente todos os seus medos: antes que a vida se acabe, se acabe de tanto vivê-la.

2 comentários:

  1. Caramba amor, que poesia show! muito linda mesmo, eu ainda não a tinha lido. Nossa!!! Parabens...O que mais posso dizer?

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  2. Nossa!!! Um arrepio passou-me! Vc se supera e supera os elogios que tenho guardados todos a ti!!!

    As palavras se divertem quando és tu quem escreve.

    :D

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