segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Imagens do tempo



Miro no espelho imagens tortas.
Reflexo do passado.
Estilhaços de mim
Que o Tempo, impiedoso e sapiente
Poupa para que eu continue mirando
Imagens mortas.

Fecho os olhos.

Para não ver o ardiloso Tempo passar,
Tranco as portas.
Tentativa em vão, ele passa.
Deixa em mim rastros de gozos e desertos.
Impávido, segue meu impiedoso algoz.
Envelhece minha pele narcisa.

Cansados vagueiam meus olhos
Na incompreensível eternidade,
Tentando fictos aceitá-la.
Meu cigarro consome-se ao vento.
Novamente é o Tempo
Que se vai sem rumo nem pressa.
Nessa nau sou passageiro e eterno.
Luto contra a morbidez do meu próprio luto.
Sobre mim desaba a areia degenerativa desta ampulheta.
Implacável, Cronos me devora...




Marcos Alderico
07/05/1995

2 comentários:

  1. A força que essas palavras tem... Nossa!

    Marcos, um grande poeta consegue descrever poesias,

    Mas grandes poesias são obras de um poeta imortal!

    Sua poesia é alma e coração, transmitem imagens, espaço, tempo...

    Até o vento de um alguem sentando na varanda de casa, olhando o nada, com o cigarro pela metade sem ter sido fumado... Eu sinto tudo!

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  2. Muito lindo a expressão de tuas palavras. Fortes posso dizer. Viver cada momento é inevitável. Não conheci esse poeta no passado, que bom que te vejo no futuro! Excelente, vc é simplemente isso...

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