domingo, 30 de maio de 2010

Mantra


Hoje será um dia de vitórias.
Que eu não conquiste riquezas,
mas encontre amigos;
que eu não conquiste carrões,
mas encontre fôlego;
que eu não conquiste poder,
mas encontre respeito;
que eu não precise matar um leão,
mas saiba torná-lo dócil;
que eu não precise exercitar minha paciência,
mas ponha em prática minha tolerância;
que eu não precise repetir uma ladainha,
mas componha poesias como preces;
que eu cante mantras até adormecer
e a manta estrelada do Universo
envolva meus sonhos;
que eu seja sábio na prosperidade,
Poeta na simplicidade
e rico de inspiração,
só para que eu possa entoar
um mantra novo a cada amanhecer...

Marcos Alderico
06/06/2007
16:50h

Alegria! Alegria!




O que será de nós? - perguntariam as flores -
sem ninguém a admirar nossa multicolorida existência,
nem a sorver a fragrância das nossas essências?

Minha luz para quê? Se tudo se cala em sombra fria - assim o Sol diria -
sem beijos apaixonados dos casais à beiramar?

Onde estarão os versos, os sonetos, as odes e as rimas
que me desnudam e tornam mulher? - solitária, lamentaria a Lua.

O que será das palavras e dos refrões, sem a sensibilidade
das letras nem a melodia das conções? - aos prantos, a Poesia.

Ao Poeta não é facultado o direito a férias,
do contrário o mundo sofreria consequências muito sérias,
entraria em colapso natural,
declinando-se sob a força e a falsa moral.
Abaixo todos os poderes,
congressos e alianças!
Voltemos a ser crianças!
Chega de Marcados e Economia!
Volte, Poeta, componha versos e poesias!!!
Alegria! Alegria!

Marcos Alderico
10/01/2006
17:20h

O Sonho e a Poesia




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Sonhei com a queda de todas as barreiras,
Atravessei, livremente, por todas as fronteiras,
Subi num monte de montanhas,
Andei nos Andes e, antes de acordar,
Já estava no Himalaia de mala e cuia.
Descansei à beira de muitos rios de vales encantados.
Cruzei oceanos, o que nem em cem anos
Me atreveria fiz sem temor algum.
Bebi água doce nas fontes dos oásis que encontrei.
Refresquei-me nas cascatas cristalinas
Em entardeceres divinais.
Presenciei a todos os finais,
Compreendi todos os sinais,
Desvendei todas as magias
E concluí ser possível a felicidade
Sendo brisa e pensamento
Exatamente no momento
Em que se cruzam o Sonho e a Poesia.

Marcos Alderico
03/08/2006
17:51h

Náufrago


A quem interessar possa:

que queira salvar um náufrago do amor,

perdido em uma ilha de saudades,

cercada de recordações,

ameaçado por selvagens desejos de carícias,

sufocado pela carência de afagos,

faminto por lábios entreabertos,

regados por loucas palavras

ditadas pela paixão,

em mágicos momentos de prazer.

Que chegue bem de mansinho,

trazendo um farol no olhar

para que eu possa me guiar,

uma boca insaciável de beijos,

onde eu mate minha sede

em fonte de água doce,

uma mina de suor,

onde eu lave minha aura

e purifique meus anseios.

A quem interessar possa,

que não me mande resgatar,

apenas lance-se neste mar

com um oceano de fantasias

que possamos, juntos, realizar...



Marcos Alderico
06/03/2006
16:56h

Última Vontade




Minhas boas recordações
deixo para as claras manhãs de abril;
Meus verdadeiros sorrisos,
aos olhares dos amigos;
Minhas mais belas melodias,
à sinfonia das aves, ao cair da tarde;
Meus inesquecíveis sonhos,
às constelações;
Minhas mais intensas letras
ficam para a Lua;
Meus mais ardentes desejos
devolvo-os ao Sol;
Meus mais profundos segredos
deixo-os todos revelados ao vento;
Meus mais sórdidos pecados,
ao tempo, que os cuide,
vele e jamais os revele a ninguém;
Meus passos certos e firmes,
aos convites dos atalhos;
Minhas pisadas em falso e os tombos tantos,
aos conselhos não ouvidos;
Deixo meu deboche e minhas mesuras
às lágrimas e lamentações;
Para cada falsidade,
um verdadeiro desprezo;
Para cada mentira,
uma mordaça;
Para cada santo,
uma garrafa de cachaça;
Aos inimigos só poeira e traça
e para suas invejas
só posso achar graça
de todos os males
que a mim nem tocaram.
Só uma última vontade:
que a Poesia não se venda,
não se corrompa, nem se cale.
Quem quiser falar de mim, que fale.
O Poeta é mesmo assim,
ao mesmo tempo em que não vale nada,
não tem preço.
A Poesia não tem fim, é recomeço.


Marcos Alderico
13/11/2006
17:45h

sábado, 29 de maio de 2010

Esses loucos fantásticos e seus sonhos maravilhosos...



O sucesso não se alcança
apenas com acertos e vitórias.
É um tecido de pequenas conquistas
cujos pontos são um incontável
número de erros e derrotas.
A diferença entre o sucesso e o fracasso
é a persistência.
Desistir diante de uma derrota,
ainda que seja a milésima,
é distanciar-se da almejada glória,
mesmo que seja a única.
Aos gênios, assim como aos sábios,
não foi dado o poder de voar.
A realidade da razão, porém,
não é possível só pela genialidade
ou pela sabedoria,
é, antes de tudo,
por causa da ousadia da loucura
daqueles que resolveram desafiar
o universo a fim de provar
a possibilidade de seus sonhos
e foram chamados de loucos por terem conseguido...




Marcos Alderico
16/11/2006
16:33h

Causa



Uma causa: você existe.
Uma infinidade de efeitos:
Penso em você,
Amo você, Vivo você,
Quero você
(em calor e suor).
Não vou me calar.
Se você me arranhar, melhor.
Sentir sua dor,
Sua força, se quiser me morder
(seja com prazer),
Então, morda-me,
Por favor.
Sou escravo fiel,
Súdito leal,
Sem medos,
Sem pudores,
Sem vergonha,
Sem critérios para acatar suas ordens...
Sem mistérios, nem segredos
(todos sabem que a amo).
Então, só doação e vontade
Em templos de nos perdermos
E enlouquecermos,
Até encontrarmo-nos exauridos
Na mansidão da madrugada...



Marcos Alderico
09/06/2006
16:25h

sábado, 22 de maio de 2010

Manifesto à Loucura



Em primeiro lugar, quero declarar-me louco.
Quero deixar para depois qualquer ato de sanidade.
Não quero que me acompanhe a sensatez nem a razão.
Nada de lucidez nem claridade.
E aonde quer que eu vá, que seja olhado com desconfiança
por todos aqueles que se julgam normais.
No mais, ser louco é mesmo atingir o cimo da liberdade.
Se eu quisesse gritar, gritar muito, gritar até perder a voz,
quem pensaria em me fazer parar?
E se eu quisesse fazer mangoças e rir até perder o fôlego?
Se quisesse mentir a todos e criasse o meu próprio mundo,
onde fosse advertido pelo Ministério da Loucura
que ser normal fosse "prejudicial à saúde"?
Onde o lar de todo cidadão fosse um manicômio
e amar fosse matéria obrigatória em todas as escolas,
uma vez que a paz faria parte do patrimônio comum.
Não haveria governadores no meu mundo muito louco,
apenas artistas.
Ao invés do exército, o Teatro nas ruas para que todo mundo visse
e encenasse seus próprios personagens, vivesse o papel que lhe conviesse,
ao seu modo e somente pelo inenarrável prazer de ser exatamente aquilo
que na realidade não se pode ser.
Os músicos também estariam por todas as partes,
sempre acompanhados por um batalhão de dançarinos.
E, como estou falando de todas as artes,
não poderiam faltar os Poetas, Escritores, Escultores, Pintores, Forógrafos e
Artesãos, sempre prontos para registrarem a todos os movimentos
com seus lápis, pincéis, entalhedeiras, flashes e formões.
No meu mundo seria assim: não haveria sermões.
Nenhuma frase imperativa senão Viva! Ria! Ame! Liberte-se!
Repressão e camisas-de-força não existiriam lá, também.
Então, o que você está esperando?
Aceite o convite da loucura.
Viva ao menos no mais profundo íntimo do seu senso,
mesmo nos recônditos da sua lucidez, um momento insano.
Aliene-se.
Porque do jeito como este mundo esta indo,
do jeito como você tem vivido,
a "Indesejável das gentes" lhe está sorrindo
e você corre um sério risco
de não ter mais tempo para isso.


Marcos Alderico
10/06/2005
12:34h

P.S.: Escrevi esta poesia no meio de um princípio de enfarto causado por um dia de estresse. Estava na enfermaria, já medicado...e pensando na vida.

O que me importa



O que me tem incomodado
é o círculo perfeito que existe
entre os dias e as noites;
o ponto de encontro exato
da luz com a sombra
que nasce bem em baixo dos meus pés;
o entediante ir e vir das pessoas,
como ondas presas
depressas depressões
de pressões de prisões
de bens metais (débeis mentais)
o que me importa
não se importa com o
produto INFERNO E BRUTO
das balança$ comerciai$ mundiai$
Quero mais Poesia e mais Arte
Containers e mais containers
de músicos piratas
made in Taiwan, Mossoró ou Coqueirais
(osanodaArteénãoserumacoisasó)
E se um dia encontrarem-se
a Lua e o Sol farão cader
estrelas choventes
e nada mais será igual
à filosofia vã
depois que se encontrarem o poeta
que existe em você
e Erasmo de Rotterdam
E um dia, depois da queda de todos os generais
e livres de todos os líderes mundiais
poderemos voltar a ser todos, e não
apenas uns poucos,
sãos o suficiente para olharmos para o céu
e, sem medo, entendermos que Deus
é o mais sábio de todos os loucos...



Marcos Alderico
29/05/2007
10:42

domingo, 2 de maio de 2010

Dilema...



Tudo, vindo de ti, é poema
Este é o meu grande problema
Viver num reino chamado dilema
Amando a minha rainha pequena
À distância segura de mim.
Enfeitiçando-a com minhas palavras
Como bruxo, mago encantador
De frases, alquimista de emoções!
Enclausurado, vago pelos porões
E pelas masmorras deste sentimento
Aguardando o pleno momento
De não mais me esconder,
Tornar-me o seu príncipe encantado
Levado por meu cavalo alado
E, enfim, voltar a viver...

Marcos Alderico
Abril/2010