domingo, 30 de maio de 2010

Última Vontade




Minhas boas recordações
deixo para as claras manhãs de abril;
Meus verdadeiros sorrisos,
aos olhares dos amigos;
Minhas mais belas melodias,
à sinfonia das aves, ao cair da tarde;
Meus inesquecíveis sonhos,
às constelações;
Minhas mais intensas letras
ficam para a Lua;
Meus mais ardentes desejos
devolvo-os ao Sol;
Meus mais profundos segredos
deixo-os todos revelados ao vento;
Meus mais sórdidos pecados,
ao tempo, que os cuide,
vele e jamais os revele a ninguém;
Meus passos certos e firmes,
aos convites dos atalhos;
Minhas pisadas em falso e os tombos tantos,
aos conselhos não ouvidos;
Deixo meu deboche e minhas mesuras
às lágrimas e lamentações;
Para cada falsidade,
um verdadeiro desprezo;
Para cada mentira,
uma mordaça;
Para cada santo,
uma garrafa de cachaça;
Aos inimigos só poeira e traça
e para suas invejas
só posso achar graça
de todos os males
que a mim nem tocaram.
Só uma última vontade:
que a Poesia não se venda,
não se corrompa, nem se cale.
Quem quiser falar de mim, que fale.
O Poeta é mesmo assim,
ao mesmo tempo em que não vale nada,
não tem preço.
A Poesia não tem fim, é recomeço.


Marcos Alderico
13/11/2006
17:45h

2 comentários:

  1. Poesias Partidas
    Estilhaçadas, corrompidas
    Tão caras, raras, envelhecidas


    Tão vivo é teu mundo e caminho
    Tão intenso esse roda-moinho
    Tão malhado o cansaço que tomas
    repassadas de mágoas, hematomas
    Intensidade capaz de queimar! CHAMAS!


    Envergonhadas, as rimas se escondem
    Minhas falas de poesia se somem
    A ti eu rendo esses versos
    Calados de sono... perversos


    Que nada que cala é mentira
    Ou necessária verdade
    Nem grandes beldades
    As palavras que gritam se espargiram
    Manhosas e quentes. FUGIRAM!

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  2. Caramba, amor, agora que li essa poesia, palavras lindas vc deixou registradas. Muitos show!! Parabens, vc me surpreende a cada dia.


    Bjs

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