quarta-feira, 4 de maio de 2011

Tô retrô...



Gostaria de retornar ao útero.
Ah! Poesia, leve-me!
Mas não ao útero materno,
Ao do tempo. Do tempo em que se era feliz.
À época da timidez e da singeleza,
Dos toques de mãos e trocas de olhares.
Das cartas tão demoradas,
Que, mal escritas, enviavam-se às namoradas,
Sempre ávidas por dizeres de amor.
Ai! Como deveria ser bom!
O rastro do perfume que ficava ao passar
Aquela do bem-querer!
As cantigas de declarações,
Os corações gravados nas árvores
E, dentro deles, duas iniciais.
Como seria bom dizer-se: "eu te amo"
E como deveria ser bom sentir-se amado.
Nada de artificialidades nem toda essa tecnologia
Que traz à vida intranquilidade,
Tornando-a cada vez mais fria.
Por onde ficaram os grandes poetas?
Portas abertas para a magia!
Onde ficou todo aquele encanto
De se viver cada momento
Em seu próprio canto?
Passear de mãos dadas pelos largos,
Pelas praças...
Por onde ficou o amor?
Transformou-se em dúvidas?
Metamorfoseou?
O fato é que o tempo não pára,
O que não é coisa rara,
Só o homem é que mudou.




Marcos Alderico
01/05/2011
2:31h

Um comentário:

  1. Uau, respirando fundo para sentir o ar, esse me foi tirado a verso, a cada sublimar de poetas mortos, do tempo sempre reverso, sempre o mesmo.

    Lindo de viver esse amor! O amor pelo tempo ganhado e sorvido.

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