terça-feira, 30 de agosto de 2011

Sombras

No torpor da minha memória ainda ébria
Trago, a cada trago, distantes recordações.
Sinto teu cheiro de malte,
Transpiro Whisky.
Vejo fantasmas de fumaça
(alcatrão e nicotina)
Formando imagens pelo ar
E chamas dançando
Em movimentos turvos
Pela escuridão da sala.
Nossa dança ritmada estendeu-se pelo chão.
Suspiro incêndio,
Transpiro whisky
Ritmo...
Dança...
Cansa...
Distantes recordações.
Sombras.

Marcos Alderico
1994

Ps: Poesia do livro "Pétalas as Vento" Set.2004, pág.43 - Seus Amores

domingo, 21 de agosto de 2011

Mau-humor de poeta


Não me leia. Prefiro assim.
Se é para ler somente,
Nem precisa chegar ao fim.
Saia da minha vida,
Saia da minha história,
Não perca tempo em lisonjas
Não as quero em minha memória,

 
Asquerosas e inúteis,
A lisonja é Irmã da vaidade,
Perniciosa à qualidade de o que se pretenda ser.

Um poeta não precisa de falsos carinhos,
De massagem no ego.
Já carrega os erros dos seus escolhidos caminhos
Colhidos dentre gentes e espinhos,
Ventres e vinhos.
 
O poeta é só.
Vive só.
Nasceu só
E só voltará ao pó.
Quem o quiser ler
Que o leia,
Sem a enfadonha obrigação de gostar.
Pois o poeta não é linha reta,
É sinuoso.
Silencioso em seu gritar,
Diz o seu sentir,
Ainda que sutil em seu mentir,
Pois “o poeta é um fingidor
finge tão completamente
que chega a fingir que é dor
a dor que deveras sente”­­Fernando Pessoa
Vá embora.
É chegada a hora
E a inspiração acabou...

Marcos Alderico
18/08/2011
10:22h