quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Alma de rio



A vida é como um rio.
Às vezes manso
Outras vezes bravio,
Passou tão depressa,
Que a gente nem viu.
Foi tão caudaloso
Em instantes
E noutros, restantes, sutil.
Já vivi tempos de olho-d’água.
Fui banzeiro em auroras de bebedeira,
Fui corredeira e cachoeira.
Lancei-me nos braços da sorte,
Em leito fui do Sul ao Norte
Em busca de um porto
Em que me aporte e suporte
Minha mania de viver
Como um poeta ou como um rio.
Rio porque me falta dinheiro
Mas tive o dia inteiro
Para ser o dianteiro
A ver o sol nascer.
Nada falo da morte.
Não que eu não me importe,
É que sobre ela não sei divagar.
Devagar só a vida vou levando
Vai que aquela me queira este ano,
Vou logo avisando:
Sou poeta com alma de rio
E tem sempre um oceano
Onde eu me possa desaguar...

Marcos Alderico
14/02/2012