sexta-feira, 25 de outubro de 2013


Tempo. Quantas saudades me traz a memória dos dias d'antes.
Quanto temor se me atormentam, diante dos teus mistérios.
Fere minha alma com esperanças presas em afiadas lãs de receio.
Ensina-me paciência e tira-me, lentamente, o fôlego,
Asfixiando dentro do vácuo do meu ser qualquer grito por clemência.
Já não és mais um vasto campo florido, como fostes de manhã.
Tuas flores murcharam ante a tua fúria voraz,
Que rasga os sulcos que se formam 
No semblante que resta do que antes fora belo.
Nem bom, nem mau. Apenas constante, irremediável e infalível.
Aprendi o que tu és. Reconheço-te.
Só não sei quem eu fui, diante do quadro aterrorizante 
Que se constrói ao final de cada segundo.
Não aprendi quem sou eu, no olho desse furacão.
Ah!...Tempo!! Lembra-te do início?
De como corríamos? Radiantes, felizes?
Será que me traías?
Será que me enganavas?
Não, Tempo. Perdoa-me.
Apenas me ensinavas o que eu não aprendi:
Que com o tempo não se brinca,
A menos que seja de damas,
Como velhos amigos, nos bancos das praças...

Marcos Alderico

06/06/2013

sexta-feira, 12 de julho de 2013



Onde está você?
Onde estão os seus sonhos que eu não vejo?
Cadê suas carências e o desejo?
Preciso do afago das suas palavras que me me deixam tão aceso. 
Faz-me tão bem saber que você não me esqueceu.
Faz-me tão feliz saber que o "seu" homem sou eu.
Dê-me só o seu amor e eu terei todos os motivos para ser feliz.
Hoje, não estou só sensual (ou sexual),
estou carente de afagos e olhares,
de abraços e de beijos,
brincadeira sem fim de casais que se amam.
Quero correr e pular, sorrir e gritar.
Quero ouvir músicas bem alto. Melodias e cores.
Ao meio-dia, os licores
De quem se alimenta na cama.
Gente comendo gente em precisas bocadas.
Uma nova geração antropofágica - somos o Abaporu.
Qual dessas são as minhas pernas e quais são as suas?
Somos inexplicáveis como as telas de Salvador Dali.
Misturados como se pinturas obras de Picasso,
somos um só e todos os sentimentos reunidos em duas pessoas.
Somos amor, dor, ódio, desprezo.
somos rancor, perdão, paixão, medo.
somos desejo, tesão, prazer,
muito prazer, prazer, prazer e prazer,
o Yin e o Yang em perfeita harmonia.
O encontro no exato momento do tempo 
de nos perdermos em nós mesmos.
Sou eu e você.
Ou será você e eu? 
Se houver outro pronome no nosso mundo ele se chama nós.
Nós a sós...
poeticamente falando,
poeticamente felando.


Marcos Alderico
2010

domingo, 16 de junho de 2013

  
Levanta.
Levanta, levita.
Entoa teu cantar nas alturas
E levita ao Céu.
Canta o cântico novo,
Alegra aos ouvidos de Deus.

Com saudade, seu tio e família.

*21.11.1989  +15.06.2013


Marcos Alderico.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Relatório do Dia dos Namorados

Hoje o dia não foi fácil. Tudo parecia querer dar errado. Para começar, o carro pifou. Deixou-me na mão, ou melhor, a pé. Ou, melhor ainda, a pé e na contramão. A coisa piorou um pouco quando tive que empurrar o carro, sozinho, para estacioná-lo. Parece simples, sim, eu sei, se eu não estivesse em uma ladeira e a única vaga ficasse justamente na subida. Ou seja, eu precisava subir de ré. É de rir. Ao final apareceu alguém a quem pedi ajuda e que me atendeu. Ufa! O dia estava nublado. E isso, aqui, sob a linha do Equador, é uma bênção. Mas foi só eu ficar a pé que se abriu sobre mim um sol de lascar o couro. Também é coisa que ocorre sob a mesma linha. Gastei meu último trocado achando que fosse falta de gasolina. Não era. E continuei a pé, só que, agora, também, duro. Nenhum trocado e sob o sol de lascar que faz sob a linha do Equador. Tudo bem. Fiz o que precisava fazer de ônibus. O meu cartão de crédito ...Bom, deixe isso pra lá. Tem coisas que é melhor nem se falar. Chateado? Aborrecido? Decepcionado? Não! Claro que não. E sabe por quê? Porque não importa o que aconteça, logo mais, quando cair o entardecer e a lua se mostrar, quando cintilarem as estrelas, toda dor e sofrimento se calarão no alento que me proporcionam, todas as noites, os braços da mulher que amo. Ela é minha mulher, minha amante e minha namorada. É ela que faz cada dia, por pior que este possa parecer, mais suave, mais leve e cheio de harmonia. É quando brilham seus olhos fitando os meus e entreabrem-se seus lábios, reclamando os meus beijos, que se dissipam os medos e receios. Tudo fica perfeito. Perfeito como é o encaixar dos nossos corpos. Perfeita como é a vida de eternos namorados, que se amam todos os dias como se num eterno Valentine’s day. Apoiando-se, estimulando-se e engrandecendo-se mutuamente (minha e tua mente), pois é esse o sentido de ser “namorados”, como nós somos. Amar vale a pena em todos os momentos. Fim do relatório.

P.S.: Amo você.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Minha Campo Grande, meu Campão...



Ah! Campo Grande, Morena Cidade!
Minha Mo
                  Cidade
sente falta de ti,
Tuas ruas, tuas casas, tua gente!
Preciso voltar, urgente,
Carona, seu juriti!!!
Me leve de volta pra casa
Saudade tem pressa, não asa,
Eu quero pra lá voltar.
Teus cantos e o teu cantar
A Mãe Natureza feliz,
O canto do sabiá,
A vida que eu sempre quis.
“Tô” levando na algibeira
Aquela “muié” faceira,
Toda prosa e trigueira
“Prá mode” me namorar.
Bem sei que és adotiva,
Morena Cidade, querida,
Pois venho doutro lugar,
Mas sei que és mãe caridosa,
Linda, menina vaidosa,
És onde eu quero morar...

Marcos Alderico
29/05/2013
00:45h

segunda-feira, 20 de maio de 2013

"Àquela que amo..."





Hoje, antes do sol brilhar e reluzir nas flores,
pensei em ti;
Hoje, antes da cantoria da passarada,
provei do teu calor;
Hoje, antes do galo acordar o dia,
senti o gosto do teu amor;
Hoje, quando, enfim, despertei-me em mim,
senti saudades de ti;
Hoje, agora, no instante em que tu leres esta poesia,
amo-te mais do que ontem, mais do que qualquer antes da nossa história...

"Àquela que amo..."

Marcos Alderico
21/03/2011
11:22h

quarta-feira, 10 de abril de 2013

O louco e o tamborim



“Tira a corda do pescoço, moço,
Que a dúvida é amiga do fim.”
- Encontrei um louco no asfalto
E, tocando um tamborim, ele disse-me assim:
“Que não se guardem para ti os temores,
Nem que o tempo se esvaia.
Que não turvem o teu olhar os horrores
Só porque a plateia te vaia.
Ainda que a vela se apague,
Ainda que o devedor não te pague,
Pega o que é teu de direito,
O sol, a brisa, o luar,
Põe tudo em uma algibeira
E sai para dar uma volta,
Que o resto a vida te dá.
Refresca a tua cabeça,
Não importa o que aconteça,
Canta uma canção bonita,
Que o mal há de passar.”
- Nunca mais vi aquele louco,
Que, por muito pouco, evitou o meu fim,
Vai ver que anda pelo mundo, cantando,
Aquela canção que ficou dentro de mim


Marcos Alderico
13/03/2013
8:16

quarta-feira, 27 de março de 2013

Tapioca


O tempo passou e foi tão pouco,
Eu queria que fosse bem mais.
Trouxeste para nós alegria
E dias de encantos e paz.

Deixaste a imensa saudade
De um amigo que um dia vai embora
Mas ficaram também as imagens
Que desmancham a dor sem demora

Imagens de uma amizade
Coberta de zelos e mimos,
Que tornam, em qualquer idade,
Um homem, um pai, num menino.



Obrigado por aqueles seis dias. Descanse em paz, meu pequeno amigo.
Tapioca *21/03/2013 +26/03/2013

Marcos Alderico
27/03/2013
16:05h

sábado, 23 de fevereiro de 2013



Um dia sonhei ser artista
Mas esse sonho maluco
Foi se perdendo de vista
Lançou-se para longe de mim
Atravessou na contramão
De uma autopista
E eu, que sou um utopista,
Voltei a sonhar
Meu sonho curumim.

Um dia sonhei ser famoso
E esse sonho foi gostoso
Até a hora de acordar.
Aí que foi doloroso,
O momento mais tenebroso
Até deu vontade de chorar.

Um dia sonhei ser um astro
Mas não tenho nem lembrança
Pois não deixou sequer rastro
Aquele sonho de criança.

Um dia sonhei de acordar
E despertei-me assustado
O tempo houvera passado
Eu já me encontrava atrasado
Porque as segundas-feiras
Não polpam os sonhadores.

Marcos Alderico
18/02/2013  00:41


domingo, 17 de fevereiro de 2013



O que seria das trilhas sem passos?
As pegadas levam os caminhos
A lugares alhures,
Cantos, 
Espinhos.
Ponteiros que se encontram,
Tempos que se atrasam.
Vidas inteiras que se cruzam
E depois se afastam
São apenas vidas, que não são vividas
E depois,
Não vi vidas, nem nada...
E num dia desses a luz se apaga.


Marcos Alderico
25/07/2012  15:55

domingo, 13 de janeiro de 2013

Urgência


Declaro o meu amor
Quando entro e quando saio
A cada pingo de chuva
Em cada clarão de raio

Declaro o meu amor
Quando abro os olhos de manhã
Ou quando flutuo pelas ruas
Sentindo ainda o teu cheiro doce de romã

Declaro o meu amor
Quando, no horizonte o sol se vai sumindo
Enquanto colho rosas e avencas
Para te presentear e ver-te sorrindo

Declaro o meu amor
Entre sorrisos e lágrimas
A cada virar de páginas
Ao banhar minha aura
Em cristalinas águas de cascatas

Declaro o meu amor
Em trilhas e atalhos
Só para chegar mais cedo
E declarar sem medo
Que viver sem ti
Me faz sentir na pele
Todos os horrores
E que, de todos, o maior temor
É passar um único dia
Sem declarar a ti o meu amor

Marcos Alderico
11/11/2013  10:46

Ps: Para minha esposa que naquele momento estava na 
mesa de cirurgia e eu aguardando apaixonadamente o seu retorno.