quinta-feira, 15 de janeiro de 2015


Eu não vou criar uma nova ordem mundial
da desordem do meu quarto,
de onde pela fresta da janela apenas deixo entrar
as sombras chinesas tentando reinventar a História
com minhas próprias mãos.
Pelas peles nuas, pelos pólos das luas,
estradas, avenidas, becos, ruas,
tudo é tão estranho, tudo é tão indigesto,
composições de versos perversos,
diversos versos do mal
declamados ao vivo, direto pela rede mundial
dos subterrâneos terrores da Terra Natal,
na tal santificada guerra em que os generais
zurram como as bestas, discursando bostas
no horário nobre dos telejornais.
Será que ainda poderemos passear
pelas praças, pelas praias,
pelas vielas, na beira do cais?
Comporemos, ainda, poesias em noites
de bebedeiras, odes à Lua e a Baco,
amigos, abraços, antigas cantigas
de amor e de mar?
Faremos teatro?
Restará algo bom que valha
a pena representar?
Pois, se não houver,
que caia a última estrela,
pequena, triste e fria,
sem vida e sem alegria,
sem ter por quê brilhar.

Marcos Alderico
02/06/2006 - 10:15

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