Hoje, a noite foi embora numa manhã acinzentada
Típica manhã de final de inverno,
Quando agosto devora mais da metade do ano.
Os pardais, que se aninharam na soleira da minha casa,
Resolveram me despertar mais cedo,
Cantando, ensandecidamente, envelhecidas melodias
Como se grandes novidades.
Hoje olhei pela janela e descobri que tenho uma
Parede pendurada num quadro vivo,
Onde flores vivas aguardam, ansiosas, a primavera.
Sei que o sol está escondido por trás das nuvens
Tal qual um ator ainda na coxia, aguardando
A deixa para a sua aparição.
Hoje está um belo dia para se compor uma canção.
A brisa fria que sopra minha tez
Causa em mim arrepio e inspiração.
Sou criação e criatura.
Neste quadro não sou risco, nem rabisco,
Quiçá caricatura.
Para retratar essa paisagem sou apenas o pincel, sou poeta;
A poesia são os pigmentos daquela mágica aquarela
Que explode em multicores diante dos meus olhos;
E como autor, delicadamente guiando o pincel
E minuciosamente traçando as formas e escolhendo as cores,
O Criador...
Marcos Alderico
01/08/2008
8:23h
01/08/2008
8:23h
Quadro vivo é uma explanação de alma, tão vivo que me faz ficar nostálgica como se eu mesma fosse a atriz dessa poesia!
ResponderExcluirComo se quisera transportar o mundo ao mundo que é só seu, pintou grande e belamente um cenário chuvoso... frio! que o frio transpôs a tela, as linhas, as letras, e atinge a alma.
Belíssima obra, Poeta!!!