segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Voltar



Voltar. Foram tantas as vezes que quis.
Recomeçar. Tantas foram as vezes que tentei.
Reconstruir. Parecia impossível, visto lá de baixo.
Debaixo dos escombros do que antes fora sólido, tudo era ruína.
Estava tudo escuro e feio.
Era eu o escombro.
Era a minha vida aos pedaços.
A fria brisa do tempo soprara meus cabelos e os tornara cinza,
Como cinza parecia tudo o que me cercava.
Sentia um gosto vazio de orvalhos mal dormidos.
Como um menino mal comportado tentava esconder-me
Da negra dama a engolir-me com seus grandes e negros olhos
Enfeitados de estrelas.
O medo era o castigo.
E o que me faria feliz?
Com um suave sabor de ternura, beijar uma boca amada.
Queria sentir o sol,
Poder revê-lo,
Reencontrar as flores, os velhos amigos
E a poesia, a tanto tempo em mim adormecida.
Queria reencontrá-la e nunca mais deixá-la sair da minha vida.
Por isso enfrentei o terrível medo de voltar
E voltei...


Marcos Alderico
01/11/2002
NOTA: Embora esta poesia tenha sido composta em 2002, creio que ela reflita o sentimento de todos quanto às tragédias ocorridas no final de 2009. Aos brasileiros que sofreram com tamanha fúria natural, força e coragem na reconstrução de suas vidas. Se este blog, de alguma maneira puder ajudar, está à disposição.

4 comentários:

  1. Não se pudeste ajudar alguém fisicamente, mas tua mente tão linda, tão cheia de verdade, reflete tua alma as palavras que gritas!

    És composto de liberdade!

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  2. Sinto você demais nessa poesia, muito linda! Por mais que eu leia e releia, jamais canso...
    Parabéns meu amor!

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  3. Amo demais essa poesia, porque ela é simplesmente vc...Parabens!

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